23 abril 2007

Filme: Trainspotting

Não há melhor descrição para o que Danny Boyle quis mostrar com Trainspotting do que o próprio prólogo que inaugura as fortes imagens deste filme rebelde. Deixemos o personagem com a palavra: "Escolha viver. Escolha um emprego. Escolha uma carreira, uma família. Escolha uma televisão enorme. Escolha lavadora, carro, CD Player e abridor de latas elétrico. Escolha saúde, colesterol baixo e plano dentário. Escolha viver. Mas por que eu iria querer isso? Escolhi não viver. Escolhi outra coisa. Os motivos? Não há motivos. Quem precisa de motivos quando tem heroína?”.
É com este discurso que Danny Boyle abre o mais completo e corajoso filme sobre sexo, drogas, rock'n'roll, juventude, magreza, polícia, violência, anarquismo, cultura pop, assalto, capitalismo e burguesia já feito no cinema. O argumento de Danny Boyle e do roteirista John Hodge foge do banal e perecível, não é falso moralista tampouco exercício de estilo superficial e corrosivo. Boyle e Hodge testam e atestam o comportamento de um viciado com propriedade, coragem e realismo extremamente assustador, personificando e consagrando personagens desagradáveis. A rigor, Boyle tratou de não julgar nada nem ninguém, apenas mostrou o que devia ser mostrado ao público. Não há, como detrataram os conservadores quando da época de lançamento do filme, glorificação do uso da heroína. Mas não pense que Trainspotting fica em cima do muro, pelo contrário, o filme quebras todas as barreiras.
A trilha, delirante e eclética, encaixa perfeitamente na história, que é alucinada e maluca. E Boyle também filosofa dizendo que ninguém entende os viciados, senão um deles.

Book: Émile Zola - Germinal


Films:








Books: George Orwell - 1984