O filme discorre sobre um fato que até hoje soa como um fantasma que deixou seqüelas permanentes na história da Espanha, a Guerra Civil Espanhola (um trauma histórico). A trama é construída a partir da encomenda de uma publicação sobre o tema para uma escritora e professora de História, Lola, que por sua vez já estava saturada do assunto. Contudo, a personagem inicia um minucioso trabalho de pesquisa e reconstrução dos acontecimentos, munida de uma vasta produção literária sobre o tema “Guerra Civil Espanhola”, o material histórico que será o fio condutor da trama, é o livro de um personagem que sobreviveu a um fuzilamento no final da Guerra.
A publicação do personagem Rafael Sanchez Mazas, chama-se “O dia em que morri fuzilado”. Rafael Mazas foi um dos fundadores da Falange Vermelha, facção que apoiava o governo totalitário do General Franco na Espanha, durante o final da década 30. Capturado por soldados Republicanos (contrários a Franco), Mazas foi enclausurado e contava os dias que lhe restavam até a hora da sua execução e de outros falangistas. A escritora passa a montar e unir as peças de um quebra-cabeça a partir de suas fontes históricas, que variam de um vasto conteúdo bibliográfico, passando por depoimentos de moradores locais que vivenciaram o período até chegar a um personagem que participou do acontecimento, trabalhando dessa forma a narratividade e a relação entre passado, memória e futuro. Um dos grandes méritos do filme de DavidTrueba além de aspectos técnicos como a bela fotografia, dando um tom sombrio sobre o ambiente, além da montagem do roteiro trabalhando com flashbacks a fim de enriquecer a narrativa histórica, esse aspecto foi a maior virtude do diretor ao apresentar um belo trabalho de reconstituição histórica e reconstrução da memória. Vale lembrar a importância da canção Suspiros de España no filme.
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