14 maio 2008

Filme: Lanternas Vermelhas ( Raise the red lantern)

Dividido em quatro partes — as estações do ano —, Lanternas Vermelhas apresenta as quatro mulheres, de quatro gerações diferentes, não tanto como esposas, mas sim como concubinas, destinadas a servir o marido num ciclo perpétuo de obediência e humilhação. As estações talvez simbolizem cada uma das quatro personagens: a primeira esposa, fria e pouco solicitada, seria o inverno. A segunda esposa, no outono da vida, luta silenciosamente contra o perecimento de sua fertilidade. A terceira esposa, bela como a primavera, é um poço de exuberância e classe. Songlian (Gong Li), representando o verão, é quente, incipiente, fresca.
Lanternas Vermelhas expõe os sentimentos de vingança, traição e descontentamento em que as mulheres eram diariamente submetidas.

13 maio 2008

Caravaggio - "As sete obras de misericórdia"


Filme: Marcas da guerra (Fateless)

Em Marcas da Guerra um jovem, o húngaro Gyorgy, de 14 anos, terá de antecipar sua maturidade por força das circunstâncias. Sua realidade pacata muda por completo quando, com a explosão da Segunda Guerra, ele é enviado para um campo de concentração. Judeu, ele procura encontrar razões para sorrir mesmo em meio às atrocidades, sonhando em, um dia, retornar a sua Budapeste-natal. Emocionante, chocante, especial prá quem gosta de filmes sobre guerra.

Filme: Santos e Demônios (A Guide to Recognizing Your Saints)

Em Santos e Demônios, o cantor Dito Montiel – estreando, no filme, como roteirista e diretor - faz relato, carregado de sentido de culpa kafkiana pelo fato de haver se ausentado por mais de quinze anos dos pais e dos amigos que o viram crescer num dos bairros periféricos de maior miséria e violência de Nova York, o Astória, no Queens, habitado em sua grande parte por latino-americanos. essa produção de 2006 ganhou vários prêmios, incluindo 2 prêmios no Festival de Veneza, 2 prêmios no Festival de Sundance, 3 prêmios no Independent Spirits Award, além de outros nos mais variados festivais. No elenco estão o talentoso Robert Downing Jr. e a recente estrela Shia Labeouf, em um papel anterior aos sucessos “Paranóia” e “Transformers”.

01 maio 2008

Dança: Sara Baras - Flamenco!



Fernando Pessoa

Pudesse o que penso exprimir e dizer
Cada pensamento oculto e silente,
Levar meu sentir moldado na mente
A ser natural perante o viver;
Pudesse a alma verter, confessar
Os segredos íntimos em meu ser;
Grande eu seria, mas não pude aprender
Uma língua bem, que expresse o pesar.
Assim, dia e noite novo sussurar,
E noite e dia sussurros que vão...
Oh! A palavra ou frase em que atirar
O que penso e sinto, acordando então
O mundo; mas, mudo, não sei cantar,
Mudo como as nuvens antes do trovão.

Livro: A arte da Prudência - Baltasar Gracián

Deve-se começar o fácil como se fosse difícil e o difícil como se fosse fácil...
Assim, não se fica confiante demais nem desanimado.
Não existe nada pior do que dar algo por feito. É o que basta para não fazê-lo.
O esforço torna plano o caminho impossível. Nos momentos mais difíceis não se deve pensar, e sim agir. A visão do perigo paralisa.

Modigliani




Dança: Pina Bausch





















Ela revolucionou o mundo da dança. O “principal produto alemão de exportação“ dança e coreografa em todos os continentes. Mesmo assim, Pina Bausch – altamente talentosa e premiada – se mantém fiel à cidade de Wuppertal. Pina Bausch é uma coreógrafa e dançarina da Alemanha. As coreografias são baseadas nas experiências de vida dos bailarinos e conjuntamente feitas. Várias coreografias são relacionadas a cidades de todo o mundo, pois a coreógrafa retira de suas turnês idéias necessárias para seu trabalho. É diretora da Tanztheater Wuppertal Pina Bausch baseada em Wuppertal. A compania tem um grande repertório de peças originais e viaja regularmente por vários países. Masurca Fogo e Café Müller são os meus espetáculos preferidos.

Livro: A mulher desiludida - Simone de Beauvoir


Inicialmente publicado em 1967, este livro consiste em três contos curtos sobre o tema da vulnerabilidade da mulher, no primeiro, ao processo de envelhecimento, no segundo à solidão, e, no terceiro, à indiferença crescente do ser amado. A mulher desiludida, trás três histórias, cada qual um estudo apaixonado e refinado de uma mulher presa pelas circunstâncias, tentando reconstruir a sua vida. Na primeira história, ‘A idade da discrição’, uma escolástica de sucesso que se aproxima rapidamente da meia-idade enfrenta um choque duplo – o abandono do seu filho da carreira que ela escolheu para ele e a rejeição critica e áspera do seu último trabalho académico. ‘O Monólogo’ é uma história da véspera de Ano Novo de uma mulher solitária, consumida pela amargura e pela solidão depois do marido e do filho a terem deixado. Finalmente, na ‘Mulher destruída’, Simone de Beauvoir conta a história de Monique, tentando desesperadamente ressuscitar a sua vida após o seu marido lhe confessar um caso com uma mulher mais jovem. Compassiva, lúcida, cheia de engenho e sabedoria, a visão de Simone de Beauvoir das desigualdades e complexidades das vidas das mulheres é inultrapassável.

Filme: Little Miss Sunshine


Pequena Miss Sunshine tem muitos momentos engraçados, e o seu clímax catártico, absolutamente surreal, deixa uma sensação boa. A gente sai do cinema mais leve, como se todas as agruras daquelas pessoas fossem intimamente ligadas às nossas, e aquela desforra deles contra o mundo também fosse a nossa. E nisso o filme funciona: ele consegue fazer uma identificação entre o espectador e personagens.




Filme: Munich (Steven Spielberg)

Em 1972 onze atletas israelitas que concorriam nos Jogos Olímpicos de Munique foram tomados como reféns e assassinados por terroristas palestianianos. Munich conta-nos a história do que aconteceu a seguir. Eric Bana capta na perfeição tanto a dureza necessária à vingança, como o desespero que a sucede, no papel mais importante da sua carreira (até então). Destaco também a atenção ao detalhe no guarda-roupa, escolha de locais e até a excelente escolha de automóveis.
É interessantíssimo também destacar a congregação de três fenômenos, abordados brilhantemente nesse projeto cinematográfico: o esporte, a espetacularização dos fatos, e o terrorismo internacional. O link destes três, elementos absolutamente contemporâneos, que caberiam perfeitamente como palavras-chave para entender o século XX, norteia a importância de compreender um fato histórico como o Massacre de Munique.

Filme: A vida é um milagre (Zivot Je Cudo)

Assisti esse filme em Barcelona em Janeiro de 2005 no Cines Renoir. Esse filme me levantou! Drama divertido por assim dizer... Esperança, vida e milagres...Tragédia q vira comédia...
Origem do filme: Iugoslávia / França
Bósnia, 1992. Sérvio de Belgrado, o engenheiro Luka (Slavko Stimac) instala-se em um vilarejo no meio do nada com sua mulher, a cantora lírica Jadranka (Vesna Trivalic), e Milos (Vuk Kostic), o filho adolescente. Luka planeja construir uma estrada de ferro que vai tornar a região um paraíso turístico. Imerso no trabalho e cheio de otimismo, ele permanece surdo à constante ameaça de guerra. Quando o conflito explode, sua vida vira de cabeça para baixo, principalmente depois de a mulher fugir com um músico e o filho ser convocado para o combate.Para piorar a situação, Luka é nomeado pelo exército sérvio como guardião de Sabaha (Vesna Trivalic), uma refém muçulmana por quem acaba se apaixonando. Só que a mulher será usada como moeda no resgate de outro refém: seu filho Milos, mostrando como a vida pode ser irônica. Que poderia ser melhor para um povoado que uma mágica ferrovia para atrair turistas? Que poderia ser pior para o turismo do que a guerra?

Picasso




Filme: Crônica de uma fuga


Crônica de Uma Fuga, de Claudio Tamburrini, testemunha a capacidade argentina de evocar seus anos de ditadura com grande competência e dignidade. No caso, trata-se da adaptação de um livro do próprio Tamburrini, no qual ele narra a terrível experiência de ter sido preso por engano como subversivo e ter passado muito tempo numa sinistra casa de torturas nos arredores de Buenos Aires. Tamburrini era goleiro do Almagro quando alguém, sob tortura, cantou seu nome e ele se viu detido sem direito a defesa. Sofreu o diabo, não tinha o que dizer, o que, nesse tipo de caso, é o pior dos problemas. Tendo outros jovens por companheiros, adaptou-se à rotina do cárcere e ainda teve energia para bolar uma fuga. Crônica de uma Fuga é um drama contundente e claustrofóbico por estar centralizado no casarão onde as torturas acontecem. Hermético, de fotografia escura, o filme incomoda com sua sucessão de sessões de torturas e péssimo tratamento dos prisioneiros. Não que se esperasse algo mais confortável e menos dolorido, no caso. Afinal, fazem com que o espectador sinta incômodo é um dos objetivos da produção, indicada à Palma de Ouro no último Festival de Cannes. Baseado em livro escrito pelo Claudio Tamburrini da vida real, Crônica de uma Fuga tem uma câmera intimista, sem medo de mostrar corpos nus, torturados, em pele e osso, o que ajuda a envolver e emocionar o público. No entanto, a produção não traz muito de novo em se tratando de ditaduras militares e estudantes cheios de esperanças. Afinal, regimes ditatoriais são similares em qualquer parte do mundo. Mas não deixa de ser um recorte contundente desse período obscuro na história argentina.

Filme: O maquinista (Com Christian Bale)


Um filme negro, seriamente inteligente e profundamente inquietante. O Maquinista conta um argumento magnífico, muito bem escrito e estruturado.Mas ainda assim consegue revitalizar-se a si próprio e com distinção. Conta com uma das melhores interpretações alguma vez desempenhadas por um actor: Christian Bale desempenha o papel de Trevor Reznik numa entrega impressionante e assombrosa, para além de muitos limites: uma entrega total.
Bale perdeu uns trinta quilos e aparece realmente mais morto do que vivo. Aliás é impossível ao princípio do filme não ficar de imediato surpreendido pela figura de Bale, ao qual se pode verdadeiramente aplicar a expressão ser de pele e osso. Mas a interpretação de Bale não se resume a esta mudança física radical, o que por si só seria um show-off particularmente inútil. Christian Bale entrou também completamente na mente perturbada de Trevor Reznick, sendo que emagrecer até ao limite foi apenas um meio para possuir a sua personagem. Quem acompanha a carreira do actor não ficará portanto surpreendido por saber que Bale está novamente imperial num papel muito difícil. O olhar, as expressões faciais, a sua forma de estar, tudo está perfeito e, mais importante ainda, esta procura da perfeição por parte do actor está cá, antes de tudo, para servir a história. No final, não há dúvidas que o filme deve muito a performance de Christian Bale, “O Maquinista” não teria metade do seu impacto sem esta inesquecível e assombrosa interpretação.
O filme conta ainda com um excepcional trabalho de fotografia e com uma banda sonora tão doentia quanto a própria história. Em suma: audacioso, surpreendente, psicologica e filosoficamente estimulante. Um grande exercício de cinema.