01 setembro 2009

Filme: O caminho para casa

Yimou talvez seja, visualmente, o mais complexo e competente artesão do cinema. Seus filmes, sem exceção, são um deleite para os olhos. Tem que ser muito bom para fazer um dos mais tocantes e emocionantes romances da última década sem que haja, em nenhum momento do filme, um único beijo. Não é para poucos. E mesmo sem o beijo, sem o toque, sem os finalmentes que muitos cineastas acabam adiando ao máximo para provocar uma catarse, “O Caminho Para Casa” transborda romantismo em seus poros. É uma visão idealizada, ingênua até, um amor pueril. Emocionante nas mãos de um mestre da narrativa visual como Zhang Yimou.
O romance que conduz essa estória atemporal – e sem nacionalidade ou língua – não se concretiza no contato entre os corpos: ela emociona pela devoção através dos dias, das tempestades, da solidão, da espera constante. Se resume no desespero em encontrar um objeto perdido pelo caminho, em reconstruir uma singela vasilha de comida com um significado especial. O presente é apresentado em preto e branco, e a estória que ele busca no passado é convertida em cores esfuziantes – traduz a riqueza de sentidos a nostalgia preservada, a alegria em contrapartida à tristeza do tempo presente.Zhang Yimou fala uma língua universal que tem um apelo maior para quem já viveu ou sonha viver um grande amor. “O Caminho para Casa” é a sua declaração de amor, belíssima, a essa simples possibilidade.

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