19 janeiro 2010

Clássico: Os pássaros 1963

Uma fita extremamente charmosa, bem acabada e estarrecedora. E o seu maior ápice se concentra na bárbara sequência onde Tippi Hedren (que é mãe da Melanie Griffith) está sentada em um mocho enquanto vários pássaros pousam em uma gaiola labirinto. Nesta cena a calmaria é substituída com sutileza pela ansiedade e o esperado desespero. E esta mudança de tons imprevisível é que há de mais incrível nos filmes suspicazes de Hitchcock, onde o perigo é eminente mesmo nos ambientes mais tranquilos ou nos momentos de privacidade como na famosa cena do chuveiro em “Psicose”. E este é um elemento usado com tanta precisão que oferece ao público um medo que dificilmente pode ser descrito em palavras – na época do lançamento de “Os Pássaros” nos cinemas muitos espectadores saíram das salas verificando se haviam pombas voando pelos céus. Assistindo ao longa atualmente, ainda não há como negar que Hitchcock foi de fato o mestre do suspense.
Conseque-se perceber com facilidade o brilhantismo de um diretor como Hitchcock. Cada plano pensado e preparado com os mínimos detalhes. Tudo o que aparece em cena está devidamente posicionado, e a ideia de "quadro" fica muito mais forte nas precisas composições que a câmera faz no ambiente. Seja nos diálogos, nos plongês, nos planos sequência. Tudo ali parece ter sido exaustivamente planejado. E dizem que de fato ele era extremamente metódico, ao ponto de já ter o filme inteiro pronto em sua mente na hora de filmar.
Falar dos efeitos especiais é perda de tempo. Quase todo mundo que escreve sobre o filme faz questão que dizer que os efeitos são precários, mas "para a época são muito bons!". Será que faz alguma diferença para a importância do longa? Para mim, quando o filme é realmente bom, ele não fica ultrapassado. Ele envelhece, no sentido de obra. E com tantos recursos absurdos de computação que temos atualmente, é revigorante perceber que de fato aqueles pássaros existiam, e foram sobrepostos num verdadeiro processo de recorte e colagem na película, em uma época em que nem se sonhava com o Photoshop.

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